Hei de Protegê-las Sempre
Antoninho tinha uma veneração sincera pelas religiosas da Congregação de São José. Frequentemente visitava-as em companhia de seus pais. Fazendo transparecer o seu contentamento, dizia “Aprecio muito as Irmãs de São José. Hei de protegê-las sempre.”
Havia motivos ponderosos para esse afeto leal, pois ele já sabia avaliar todo o trabalho que elas abnegadamente se votam. Não há dificuldades nem sacrifícios que não saibam enfrentar. Tanto nos educandários como nos berçários, nos asilos, hospitais e leprosários, manifestam os seus dons elevados, aurindo de Deus as santas energias. São elas as auxiliares dedicadas de suas graças, cooperando na salvação das almas: Sejamos santas e tudo se conseguira! Honra e glória de Deus! Antoninho bem as conhecia. Já o virtuoso e santo bispo de Tours, Monsenhor Henrique de Maupas, seu fundador, levado pela caridade, admirador que era de S. Vicente, o Apóstolo da indigência, e de S. Francisco de Sales, o santo da cordura e da mansidão, não podia deixar de lhes seguir as pegadas de virtude.
Dando expansão ao seu coração de bispo apóstolo, reuniu a porção mais querida de suas ovelhas: os pobres, os inválidos e os doentes, fazendo reinar em todos: Jesus, supremo amigo do pobre e do inválido que sofre. Escolheu então, acertadamente, a proteção de São José, CONSTITUIT EUM DOMINIUM DOMUS SNAE para, assisti-lo em sua grandiosa obra de caridade e abnegação. Surgiram então, como uma dádiva do Senhor, as irmãs de São José, que desenvolveram sua ação benemérita atraindo as bênçãos do céu, acolhendo e enxugando as lágrimas dos infelizes, fazendo brotar a alegria no coração dos abandonados, animando com o sorriso da sua caridade os que padecem, dirigindo com sabedoria os colégios, administrando, enfim, com o concurso da ciência, fizeram-se diletas filhas de Deus.
A primorosa educação de Antoninho foi um fruto sazonado de virtudes heroicas tendo por fundamento seguro o trabalho carinhoso das Irmãs. A boa árvore dá sempre bons frutos. É pelo fruto que conhecemos a árvore. A congregação de São José, espalhada pelo nosso país, conta com inúmeras páginas de benemerência no livro de seus feitos e com a amizade extrema da sociedade que a tem sabido sempre amparar. As irmãs de Antoninho, exceto uma, cursaram os colégios dirigidos pelas irmãs de São José. Sua avó, senhora de raras virtudes, foi-lhe uma confidente assídua. Dedicada às obras de caridade, foi o anjo da pobreza. Tudo quanto tinha repartia com os necessitados. A Santa Casa de Misericórdia era o alvo de suas predileções. O clero, por suas vocações religiosas, muito lhe deve. De uma piedade invulgar, essa dama exemplaríssima viu chegar os seus últimos momentos de vida com um ativo de merecimentos para o céu. Assistida com dedicação pelas boas irmãs, recebeu santamente os cantos sacramentos com grande edificação de todos. Passou desta, para melhor vida, deixando a todos os seus a herança preciosíssima de meritórios exemplos. A mão de Antoninho, filha dedicada, recebeu toda educação nos colégios de Sant’Ana e Taubaté. Com a alma enriquecida pela fé e fortalecida de ensinamentos, pode ver construído um lar abençoado.

Residência de Antoninho, em Campos do Jordão
Antoninho foi, portanto, um presente do céu, uma flor preciosa colhida pelos anjos nos jardins cuidados com tanto esmero pelas irmãs de São José, que, em recompensa, conseguiram no céu um valioso protetor.
“Hei de protegê-las sempre”, dizia Antoninho
Se em vida foi o seu amiguinho leal, dócil, e bom, agora dar-lhe-às maiores provas de sua amizade, velando do alto, animando-as nas lutas, vivificando-as com suas graças, guiando-as em seus educandários e hospitais, assistindo-as em seus sofrimentos.
Antoninho obedeceu a três primeiras virtudes que ornam a alma das religiosas de São José:
- A pobreza
- A obediência
- A humildade
Ele amou grandemente a pobreza. Tudo o que tinha, repartia com os pobres. Chegou um dia em São José dos Campos um doente pobre e em gravíssimo estado. Viera de caminhão. Antoninho aproximou-se dele, animando-o. Deu-lhe tudo quanto tinha, pagando-lhe por último até o médico. Horas depois, morria o pobre homem. Antoninho sufragou a alma do seu novo amigo, rezando com fervor. Quem quer que fosse, encontrava nele o verdadeiro Anjo da caridade. Era submisso ao extremo. Acatava todas as ordens com o sorriso nos lábios, executando-as com prazer e imediatamente. Procurava adivinhar a vontade de seus pais, fazendo tudo com a maior satisfação. Demonstrou-lhes sua docilidade na doença que soube suportar como um verdadeiro santo.
Submetia-se aos mais dolorosos tratamentos que lhe eram administrados. Durante seu longo sofrimento alçou em seu coração o altar da verdadeira humildade. Em tudo dizia “Seja feita a santa vontade de Deus”. Eram sempre suas palavras. Nunca um lamento, uma recriminação. A obediência não pode existir sem a humildade. Imitou assim os exemplos de Jesus!
A humildade foi em Antoninho uma virtude que refulgiu com resplandente luz e que ele soube cultivar com heroicidade, sem desfalecimentos. Em todos seus atos notava-se a virtude da humildade. Quando alguém vinha agradecer-lhe os favores recebidos, respondia com doçura “Não é a mim que o deve, mas sim a Deus”.
Esta frase muitas vezes repetida revela-nos o quanto essa virtude lhe era cara! Procurava convervar-se na penumbra quando os outros queriam enaltecê-lo. Um de seus primos, festejado pintor e residente no Rio de Janeiro, vindo visitá-lo teve a feliz ideia de tirar-lhe a óleo o retrato. Antes, porem, Antoninho perguntou-lhe que intenções tinha em retratá-lo. Sabia que não gostava de estar a vista. Que não sendo o tipo de beleza, o seu retrato não atrairia elogios. Estando em repouso, contava ingênuamente que via sempre a seu lado um frade que lhe assistia. Quando alguém procurava divulgar esse fato, sentia-se desgostoso.
É que isso vinha ferir sua modéstia. Se fossemos relatar todos os casos em que Antoninho se nos apresenta como mestre insígne de altas virtudes, nunca acabaria.
Basta-nos o conhecimento de que o era na prática das virtudes cristãs.
Antoninho caminhava na mesma paralela dessa plêiade de almas devotadas ao bem destinadas ao Paraíso: As irmãs de S. José. Sejamos santas, e tudo se alcançará, dizem elas. A honra e glória, de Deus, eis o nosso mais ardente desejo. HOC FAC EL VIVES.
Que a benemérita congregação de São José nos de sempre, desses exemplos, elevando neste mundo sempternamente, a honra e a glória de Deus. Que os seus colégios e educandários se espalhem por este mundo do Senhor sob o cuidado dessas verdadeiras mães cristãs, cônscias de seus deveres e teremos outras tantas criaturas voltadas para Jesus, integrando a sociedade, enriquecendo a pátria de filhos que saberão torná-la forte e digna no conceito das nações civilizadas.
Antoninho, que era um seu amiguinho dileto, repetirá no céu, constantemente “Hei de protegê-las sempre”.
É o vosso santinho, o vosso patrono aos pés de Deus, da SS. Virgem e do glorioso S. José.
Nas horas difíceis uma voz se fará ouvir de grande consolo :
Hei De Protegê-las Sempre!