segunda-feira, 15 de abril de 2013

Estranho confidente


Estranho Confidente












Antoninho estabelecera sua norma de vida.

Pela manhã, após suas orações, levantava-se, permanecendo em jejum a fim de poder rezar sua missa. Depois tomava café e fazia seu passeio matinal. Chegando, descansava um pouco para depois poder almoçar. No fim da refeição, fazia seu costumeiro repouso.

Ai, em profunda meditação, passava horas... 
Certa vez, sua mãe, percebendo que ele falava com alguém, encaminhou-se para o quarto, estranhando por vê-lo sozinho. Antoninho, avistando-a perguntou:

“Minha mãe, quem é esse frade que veio me visitar?”
”Que frade meu filho” disse ela
“Ora minha mãe, o frade que a pouco saiu daqui”
“Você esteve sonhando meu filho.”
“Bem, não se fala mais nisso."

Momentos depois, batem a porta... era o correio.
Oh, simpático carteiro!
Temos notícias de São Paulo, exclamava  ele alegremente. 
Efetivamente, o carteiro trouxera-lhe uma carta de São Paulo, a qual vinha capeando uma estampa de Frei Fabiano de Cristo, sacerdote virtuosíssimo que deixara o mundo em estado de graça. Sua irmã, que lhe escrevera, pedia-lhe que se colocasse sob a vaiosa proteção desse dileto filho da igreja.

Mostrando-lhe logo a gravura, qual não foi o espanto da mãe de Antoninho, quando este lhe disse?

“Minha mãe, este é o retrato do frade que esteve conversando comigo ainda pouco.”
“Mas não pode ser, Freio Fabiano morreu há muitos anos.”
“Eu falei com ele... mas não se toca mais nisso.”

Em outra ocasião, 
Uma senhora tinha em Campos do Jordão, um filho já desenganado pelos médicos. Alimentava, porém uma ilimitada confiança na bondade e misericórdia infinitas de Deus. Prometera, se o visse restabelecido, mendigar de porta em porta, a fim de, com o produto das esmolas, mandar erguer uma cruz, símbolo da dor e do sacrifício, como tributo de gratidão.

Jesus, assim como atendera a viúva que as portas de Naim implorava pelo filho morto, entregando-o novamente com vida, do mesmo modo satisfazia, agora, essa outra mãe cheia de fé, fazendo recuperar a saúde aquele que era toda sua alegria e esperança.

Antoninho frequentemente visitava a Santa Cruz. 
Certo dia, chegando desse seu passeio, sua mãe perguntou:

“Meu filho, porque é que você tem tanta afeição pela Santa Cruz? O passeio para voc~e é bom, mas o repouso é muito melhor...”
“Ora minha mãe, o repouso não me adianta mais... já na Santa Cruz, eu vejo o orvalho das lágrimas de uma mãe... Seu sacrifício... O mendigar, que é muito triste!”

Quanta sabedoria há nessas palavras ditas pelo pequeno...

Antoninho exercia certo domínio sobre as almas e lia nas consciências. Os que o procuravam sabiam que receberiam bons conselhos. As pessoas que viviam com o coração tranqüilo sentiam imenso prazer em palestrar com ele.

A muitos o pequeno dizia: 
“É preciso que se reconcilie com Deus. A alma impura não pode conseguir as graças dos Céus! Sem Jesus, o que poderemos fazer? Nada, meu amigo, absolutamente... nada!”

As crianças extasiavam-se ao ouvi-lo!
Em muitas ocasiões, estando ele em repouso, a criançada ficava postada em frente da casa olhando para o quarto, a espera que ele lhes pudesse dirigir a palavra.

Em Campos, havia um menino com dois anos apenas, mal sabendo falar e que percorria a pé sozinho, quase 200 metros para poder visitar Antoninho! Às vezes, chegava ele muito cedo, ficando sentado a porta da casa de Antoninho. Ao entrar, tartamudeava logo:
“Sagrado Coração de Jesus, bom dia! Dê muita saúde para Antoninho!”

As crianças foram sempre, sempre... o maior encanto do nosso menino.
Aduzia-lhe a razão que todas elas possuíam as ALMAS BRANCAS, onde Jesus se comprazia.



Nenhum comentário:

Postar um comentário