Pendores Profissionais - I
Quando uma alma vive sob os eflúvios da graça é feliz. Jesus era sua luz, sua força, seu guia. Passados alguns meses Antoninho sofreu uma nova crise, acompanhada de cólicas fortíssimas. A tristeza invadira mais ainda o coração de sua pobre mãe, que aflita, procurava recursos médicos a fim de atender sem demora seu filho querido.
Um “chauffeur” conhecido fez saber a sua mãe que um médico lhe pedira encarecidamente que levasse o menino, pelo qual sentia uma atração inexplicável.
“Meu filho, você quer ir visitar o médico?”
“ Como a senhora quiser minha mãe.”
“Como eu não haveria de querer? Você está sofrendo tanto...”
“A senhora fala como achar melhor”
“Mas Antoninho, você tem cólicas tão fortes, seria bom.”
Antoninho voltando-se para o “chauffeur” falou:
- Vamos.
O carro partiu em demanda a casa do médico. No terraço estava o clínico sentado numa poltrona de vime. Divisando Antoninho, veio abrir-lhe, visivelmente satisfeito, a portinhola e, tirando-o do carro, carregou-o para o interior da casa. Acareciando-o muito, disse a mãe :
- Acho-me em casa desde cedo preso por uma força estranha... Eu com tanto serviço... precisando sair...
- Por minha causa ( perguntou Antoninho ).
- Sim, você Antoninho é um grande espírito. Espírito de muita luz. Você é um anjo ( respondeu o médico )
Antoninho fixando-o diz-lhe pausadamente:
“Doutor, sou um doente que vai se extinguindo aos poucos, tal qual uma lamparina...”
O clínico admiradíssimo com o raciocínio de Antoninho voltou-se para sua mãe e fez as seguintes exclamações:
“A senhora não sabe quem tem a seu lado!”
“Veja que palavras” ( continuou o médico )
“Este menino é um prodígio” ( terminou o médico )
Antoninho, não se conteve e ponderou:
“Doutor, não gosto disso.”
Fatos análogos repetiam-se frequentemente.
De uma feita, achando-se no consultório, apareceu uma senhora que vinha a sua procura. Apenas o viu, disse “Meu bom menino, preciso de um médico com urgência, pois meu filho está muito mal. Só você poderá valer-me” E disse-lhe onde residia.
Antoninho condoeu-se muito e garantiu-lhe que o médico iria imediatamente ver o doente. Depois de consolá-la, pediu para que voltasse para junto de seu filho, pois o doutor, logo que se desocupasse, deixaria os demais clientes que o esperavam na sala, e iria atendê-la
Apenas saira o cliente que estava em consulta. Antoninho dirigiu-se ao enfermeiro e disse-lhe “Agora eu vou entrar. Preciso muito falar com o doutor”.
O enfermeiro, deixando-o passar, lhe disse
“Você tem carta branca.”
O médico, assim que o viu, perguntou
“Vai passando melhor? O que manda?”
“Queria que o senhor fosse visitar um doente, pois sua mãe vindo cá implorou-me que lhe fizesse esse pedido. Ela já foi embora mas deixou o endereço.”
O médico imediatamente dirigiu-se para a casa da dita senhora, encontrando de fato, o seu filho em estado desesperador, vindo a falecer dias depois.
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